Vamos apoiar os atletas?

Posted: quarta-feira, 16 de março de 2011 by Claudia Uilza in
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Artigo do amigo Gustavo Espíndula do Bike Giro


Artigo alertando aos atletas/consumidores a se conscientizarem na hora das compras.


BIKEcifraoNo ciclismo, em meio aos treinos em grupo, é muito comum os atletas, sejam eles iniciantes, amadores, entusiastas ou profissionais, gastarem litros de saliva conversando sobre equipamentos. Seja destacando leveza, resistência, preço ou manutenção, o tema acerca da compra dos novos equipamentos do mercado sempre toma um bom tempo em qualquer pedal dos “biciclopatas”. Ainda mais com a maravilhosa popularização do esporte, que acaba aquecendo muito o mercado – haja vista a quantidade de lojas em qualquer cidade que se vá.
Sempre se discute qual a loja que anda tendo os melhores equipamentos e principalmente os preços oferecidos. Isso, visando atender esse nosso Hobby, que (para nós brasileiros) é algo que sai bem caro.
Infelizmente, quando o atleta procura um novo equipamento, não se discute muito sobre a preferência pelas lojas que efetivamente apóiam os atletas e, conseqüentemente, o esporte. É perceptível que o único critério para se consumir de um lugar ou outro são: preços, ou se o proprietário da loja faz parte da mesma “comunidade” de pedal.
Esse artigo vem então, alertar nós atletas/consumidores a nos conscientizarmos e nos atentarmos mais para a escolha do local de nossas compras (nossas “boutiques”).
Em recente entrevista publicada aqui no bikegiro, Hélio Vilela “Papai Noel” citou algo muito interessante no que se refere ao apoio aos atletas: “-Quem se dispõe a ajudar, dá a impressão que está fazendo um 'favor' e não um investimento na sua marca.” De fato, ao que se vê de apoio a atletas de ponta, eles acabam ganhando um “apoio”, o que está longe de ser um verdadeiro patrocínio.
Assim sendo, temos que reconhecer que os atletas “elite” de hoje, são verdadeiros heróis e malabaristas, para conseguirem se financiar no esporte, já que sabemos que os equipamentos de ponta são tão caros (sem contar custos com viagem, suplementação alimentar, etc). Ou o leitor acha que uma premiação de R$ 500,00 paga o mero desgaste da relação (cassete, corrente e pedivela) de uma bike de competição de alto nível? O que se vê são atletas, no máximo, conseguindo peças a preço de custo e com boas condições para a compra, ou apenas uma quantidade de revisões e manutenção das bikes sem custo. Claro que ajuda, mas resolve?! Questionamos: como um atleta de elite treina tranqüilo sabendo que se danificar seriamente seu equipamento este ficará sem nenhum outro de reposição?!
Diante da falta de apoio, nós entusiastas do esporte reclamarmos durante o pedal que o ciclismo está sem apoio e que os atletas elite estão sem condições de treinar devidamente é fácil. Difícil é desembolsar R$ 10,00 a mais por uma peça em uma loja que realmente apóia o esporte.
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É fácil de perceber a deteriorização do esporte quando se fala em nível de elite, principalmente no ciclismo de estrada. Hoje, temos um inchaço da categoria “Master” (de atletas que vieram da antiga categoria Elite) e não há reposição da Elite por atletas advindos das categorias de base (juvenil, júnior e sub23). Hoje elas estão simplesmente vazias. É simples verificar isso em provas que ocorrem no circuito Goiano e no Distrito Federal de Ciclismo. Conforme bem reclama Carlos Alexandre Vieira (o Carlinhos do Seriema Pedal Club), atleta Master e pai do promissor Samuel Vaz Vieira (que no III Torneio de Verão em Brasília, na último etapa, ganhou escapado do pelotão de elite): “-É difícil manter nossos jovens a ponto de querer chegar nas Olimpíadas. Todos os gastos (incluindo hospedagem e combustível) são por nossa conta e não conseguimos o apoio de nenhuma marca nem loja. Não há quem se disponha a nos patrocinar verdadeiramente. Dessa forma, para a renomada prova Volta do Futuro de Ciclismo, que ocorreu esse ano em São Carlos, para as categorias de base, conseguimos levar apenas dois atletas representando Goiás. Haviam alguns poucos atletas goianos, mas que estavam representando outros Estados. E as provas que aqui acontecem não conseguem elevar o nível dos atletas de base para equipararem-se aos atletas de nível nacional.”
Que tal então tentarmos refletir um pouco mais sobre esse meio de ajudarmos o crescimento do esporte?
Um dos pontos a se pensar é que a falta de apoio ao atleta é uma clara falta de visão dos grandes investidores no mercado de bicicletas, sejam eles lojistas, sejam eles detentores de marcas de equipamentos e, sobretudo, do mercado consumidor, que não se atenta para o crescimento de atletas na hora de investir em equipamentos.
Vejam o exemplo de uma famosa marca nacional de suspensões: investe massiçamente em marketing, além de ter uma enorme equipe de desenvolvimento trabalhando junto do atleta de ponta, para aprimorar seus produtos. Hoje, há uma enorme aderência do mercado nos equipamentos fabricados por ela. Obviamente o equipamento é de alta qualidade, mas será que estariam sendo tão usados se não fosse o grande investimento em marketing junto aos atletas da marca?
É fácil ver a aderência às pessoas a uma marca de um atleta quando este torna-se campeão mundial. Desde quadro até peças. As bikes do Pro-Tour, só pelo fato de serem utilizadas por atletas de renome, já são extremamente valorizadas. A primeira coisa que um vendedor diz para convencer o seu cliente: esta é a bike do Campeão Mundial. Quem não enche os olhos ao ver uma bicicleta com tanto status?
Alerta-se aqui então, para que o leitor pense antes de investir em sua bike. Seja em lojas ou em equipamentos e que se conscientize que essa é uma excelente forma de incentivo ao engrandecimento do esporte que tanto nos satisfaz.

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